Fantasmas da Análise sintática 4) Verbo sendo sujeito

Pergunta de uma aluna:

Mestre, em “Navegar é preciso”, o sujeito não é simples? Mas não é uma palavra só?

Antes de tudo, é bom saber que essa famosa frase foi dita, pela primeira vez, segundo o historiador Plutarco, pelo general romano Pompeu, quando incentivava seus homens a enfrentarem o mar bravio e cheio de assaltantes com a missão de levar alimento ao povo romano num momento de crise. Vale lembrar que “preciso”, nessa frase, ao contrário do que muitos pensam, se trata do adjetivo equivalente a “exato”, “sem erros”, “sem imprecisões”.

É... Sua dúvida tem certa procedência. Afinal, o sujeito de “é preciso” é “navegar”, o núcleo é a palavra “navegar”, um vocábulo somente; então, deveria ser um sujeito simples.

A Nomenclatura Gramatical Brasileira, porém, dividiu o sujeito em quatro tipos: simples, composto, oracional e indeterminado, além de observar que pode haver orações sem sujeito.

O que ocorre nesse período é que existem dois verbos: “navegar” e “é”. O sujeito de “é” é a ação “navegar”. Veja só: O que é preciso? E a resposta vem clara: “Navegar” (só um infinitivo) ou “que se navegue”. Como é um verbo, sabemos que é uma oração. A NGB preferiu chamá-lo de oracional, isto é, a função de sujeito do verbo “ser” é exercida por uma oração reduzida de infinitivo: “Navegar”. Se tivéssemos a opção “Que se navegue”, ela estaria na forma desenvolvida, ou com a conjunção.

É bom saber que, sendo uma oração, “navegar” também deve ter um sujeito, que deve ser considerado indeterminado, ou seja, é aquele caso não explicitado na Gramática Tradicional, em que o verbo está no infinitivo sem flexão, não indicando, assim, um agente da ação. É uma referência geral, isto é, a todos e não a alguém específico.