Dica 4: Professor, na frase – “Qual a porcentagem da população que já se infectou com o coronavírus?” –, eu queria entender por que o uso do “qual a” pede o “que”, e o uso de “qual” não pede. Entendo que soe mais adequado assim, mas por quê?
As construções são assim: sendo usado o “qual” acompanhado do “a”, deveria haver um “que” antes do “já”: “Qual a porcentagem da população que já se infectou com o coronavírus?”
A outra opção, bem mais fácil, seria, simplesmente, retirar o “a”: “Qual porcentagem da população já se infectou com o coronavírus?”
Havendo a forma “Qual a porcentagem”, entende-se o “qual” como um termo ligado a um verbo “ser”, subentendido: “Qual (é) a porcentagem da população que já se infectou com o coronavírus?”
Em relação ao artigo “a”, adjunto adnominal de “porcentagem”, que poderia, para efeito de compreensão, ser substituído pelo pronome demonstrativo “aquela”, existe a necessidade de uma oração adjetiva que funcione como especificador do conjunto “a porcentagem da população”. É exatamente a oração adjetiva iniciada pelo pronome relativo “que”, uma oração com a função de adjunto adnominal.
São, assim, duas orações: “[(1) Qual é a porcentagem da população] [(2) que já se infectou com o coronavírus?]”
Observe que, se tirarmos o “a”, o pronome interrogativo “qual” passa a ser o adjunto adnominal de “porcentagem da população”, sujeito do verbo “infectar”, não sendo necessário qualquer outro termo especificador. Agora, só há uma oração no período: “Qual porcentagem da população já se infectou com o coronavírus?”
Veja estes outros exemplos:
a) “Qual a explicação que você encontrou?” (com substantivo antecedente “a explicação” + o pronome relativo “que”; é igual a “Qual é a explicação que você encontrou?”)
b) “Qual a que você encontrou?” (com pronome substantivo demonstrativo antecedente “a” (= “aquela) + o pronome relativo “que”; “Qual é a que você encontrou?”)
c) Qual você encontrou? (estrutura mais simples, sem o substantivo ou o pronome demonstrativo e sem o pronome relativo “que”; também sem o verbo “ser” subentendido)
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Dica 5: Mestre, é errado escrever “Entrar dentro”? Ouvi falar que é um “pleonasmo vicioso”. O que é isso? Há casos em que o pleonasmo pode ser usado, para dar um efeito bonito? Quais seriam esses casos?
O que chamam de pleonasmo vicioso são as redundâncias, usadas, normalmente, sem motivo, mas por desconhecimento mesmo. Enumero alguns:
a) A bola saiu para fora da quadra.
b) Não pise a grama com o pé!
c) Vi isso com meus olhos.
d) Ela visitou uma pinacoteca de quadros.
e) A sociedade, ela vive produzindo surpresas.
Veja que seriam facilmente retirados, e as frases nada perderiam em termos de comunicação:
f) A bola saiu da quadra.
g) Não pise a grama!
h) Vi isso.
i) Ela visitou uma pinacoteca.
j) A sociedade vive produzindo surpresas
Ao contrário dos “viciosos”, existem os chamados pleonasmos enfáticos e literários, por exemplo:
k) “Os dois melhores livros dele, analisei-os cuidadosamente na minha primeira obra.” – “os” é um objeto direto pleonástico, com a intenção de enfatizar o termo antecipado e repetido.
l) “Aos grandes homens, devo-lhes admiração e respeito.” – “lhes” é um objeto indireto pleonástico, com a intenção de enfatizar o termo antecipado e repetido.
m) “Nosso herói viveu uma vida de grandes aventuras.” – “uma vida de grandes aventuras” é objeto direto interno, uma vez que traz uma redundância em relação ao verbo “viver” (tal pleonasmo enriquece o próprio objeto).
n) “Morrer morte inglória não é algo que se admire nos grandes homens.” – “morte inglória” é objeto direto interno, uma vez que traz uma redundância em relação ao verbo “morrer” (tal pleonasmo enriquece o próprio objeto).
É possível aprender a escrever por meio da análise sintática. Você sabia? Venha para a Turma 18 on-line de Análise Sintática! Início em 6/10, hoje, às 19h (horário de Brasília). As aulas são gravadas, assim, você pode assistir a elas quando quiser e quantas vezes desejar. E ainda pode salvá-las.
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6. Professor, olhe essa construção: “Qualquer um de nós poderá entrar com uma reclamação contra o Estado.” Por que não é possível escrever “Qualquer um de nós poderemos entrar com uma reclamação contra o Estado”? A primeira seria uma forma rígida, e a segunda seria atrativa, não pode?
Realmente, não é possível! Nesses casos, a forma atrativa só é possível quando o pronome, que é o núcleo do sujeito, estiver no plural:
a) “Quaisquer de nós poderemos entrar com uma reclamação contra o Estado.” (forma atrativa)
Embora o núcleo do sujeito seja “quaisquer”, a concordância está sendo feita com o adjunto adnominal.
Veja mais exemplos com o pronome “qual” no plural:
b) “Quais de nós sabem isso?” (forma rígida)
c) “Quais de nós sabemos isso?” (forma atrativa)
Sendo o pronome inicial singular, por uma questão de coerência, já que se trata de uma pessoa só, apenas se admite a forma rígida:
d) “Qual de nós sabe isso?” (forma rígida)
Observe outras construções semelhantes com núcleos de sujeito no plural:
e) "Muitos de vós irão tomar uma providência?" (forma rígida)
f) "Muitos de vós ireis tomar uma providência?" (forma atrativa)
A análise sintática resolve casos bem complicados. Sabendo-a, você escreve melhor! É hora de estudar na Turma 18 on-line de Análise Sintática! Início em 6/10, hoje, às 19h (horário de Brasília). As aulas são gravadas, assim, você pode assistir a elas quando quiser e quantas vezes desejar. E ainda pode salvá-las.
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