Olá, professor Ozanir Roberti
Soube, há algum tempo, por meio de uma colega, que ela encaminhou a seguinte pergunta ao programa “Academia responde”, da Academia Brasileira de Letras:
“Boa-tarde! Ao iniciar uma mensagem, como feito agora, devo usar as saudações "bom-dia/boa-tarde/boa-noite" com ou sem hífen?
Veja a resposta, dada naquela ocasião, no site da ABL:
“Escreva as saudações com hífen: ‘Bom-dia!, ‘Boa-tarde!’ e ‘Boa-noite!’. Se não for saudação, escreva sem hífen."
a) “Bom-dia a todos vocês!”
b) “Espero que tenham um bom dia.”
c) “Ontem passei um bom dia na praia.”
d) “Passei uma boa tarde no cinema.”
e) “Tive uma boa noite de sono.”
Agora, leia o que escreveu, no jornal O DIA, em 21/8/2011, o professor Evanildo Bechara, que, em nome da ABL, coordena o programa acima citado:
“Outro leitor, tendo lido no VOLP o verbete ‘bom-dia s.m.’, nos pergunta se a saudação matinal ‘Bom dia!’ terá também de ser grafada com hífen. A resposta é não, porque a lição estampada no verbete do VOLP se aplica, como bem aí se declara, ao substantivo composto ‘bom-dia’:
f) “Deu um bom-dia animado.” – que é o nome da saudação a alguém até a primeira metade do dia, representada por uma frase nominal, e não por um substantivo composto.
Machado de Assis, durante muitos anos, assinou uma coluna de diário carioca intitulada ‘Bons dias!’, usando a frase nominal como saudação matinal dirigida a seus leitores; e Álvaro Moreyra usava dos substantivos compostos, todos hifenados, na seguinte passagem: “Dá bom-dia, dá boa-tarde e boa-noite”, substantivos que funcionam como complemento direto do verbo ‘dar’.
"Desenrolando" o fato linguístico: a conclusão é a seguinte:
A Academia responde... meio ERRADO ou mal explicado! O professor Bechara está... CERTÍSSIMO!
A expressão "Bom dia!" nada mais é do que uma redução da oração:
g) “Tenha um bom dia!” – sendo um sintagma formado por "artigo + adjetivo + substantivo", o qual funciona como Objeto Direto do verbo "ter", semelhante a “Tenha um excelente dia!”.
h) “Bom dia, pessoal!”
i) “Boa tarde, ouvintes!”
j) “Boa noite, Brasil!”
Quando transformado em substantivo, aí sim, deve-se colocar o hífen:
k) "Um bom-dia falado assim tem um sabor especial."
l) “O apresentador gritava um boa-tarde muito escandaloso.”
m) “O boa-noite do jornalista pareceu mais grave naquela início do Jornal Nacional.”