A frase apareceu numa matéria do GLOBO no dia 25/12, na reportagem “Receitas contam as histórias que fronteiras não puderam parar”.
É uma referência ao fotógrafo argentino Francisco Gentico.
“Eu sinto que cada um deles me respeita, cuida de mim e me alimenta como um irmão e como mãe” - diz Gentico.
Na verdade, devido à noção de paralelismo, a melhor construção deveria ter um artigo antes de “mãe”, mas, mesmo assim, vamos ao comentário.
A ambiguidade está no fato de não aparecerem os predicados das orações iniciadas pela conjunção “como”.
Poderiam ser “como um irmão e como mãe “, isto é, “como um irmão me alimenta e como mãe me alimenta”. Essa seria a primeira leitura possível.
A outra seria: “como cada um deles alimenta um irmão e como cada um deles alimenta a mãe”.
Pelo sentido do início do período e pela reportagem completa, percebe-se que a segunda leitura é a desejável.
Conseguiríamos desfazer tal ambiguidade de duas formas:
a) Com horríveis repetições:
“Eu sinto que cada um deles me respeita, cuida de mim e me alimenta como alimenta um irmão e como alimenta mãe” - diz Gentico.
b) com o recurso ao objeto direto preposicionado, uma das razões do uso da preposição com esse complemento que, a princípio, não precisa dela:
“Eu sinto que cada um deles me respeita, cuida de mim e me alimenta como a um irmão e como à mãe” – diz Gentico.
`Veja que, na segunda, se usou o artigo “a”, daí o acento grave.