Fantasmas da Análise sintática 28) O “em que” pode ser predicativo do objeto?

Estudando as orações subordinadas na gramática do professor Manoel Pinto Ribeiro, encontrei o seguinte período:

[(1) Pelo menos naquele tempo não sonhava ser o explorador feroz] [(2) em que me transformei]

A oração 2 está classificada como subordinada adjetiva restritiva. Até aí, entendi, mas não consegui compreender como o "em que" é, sintaticamente, predicativo do objeto direto. O sr. poderia me explicar?

Que tal aprender esse conteúdo tão complicado, que nunca “entrou”, devidamente, na sua cabeça?

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Veja que o “que” é um pronome relativo, que retoma “explorador feroz”. Sendo assim, podemos imaginar a oração subordinada adjetiva restritiva “em que me transformei” como equivalente a “Eu me transformei num explorador feroz”, se a estrutura fosse de uma oração absoluta.

Passemos, então, a analisar tal estrutura sintática:

Eu – sujeito;

Transformar – verbo transitivo direto;

Me - objeto direto (valor reflexivo);

Num explorador feroz – predicativo do objeto direto;

Não é outra pessoa, outro objeto, mas, sim, uma qualidade atribuída a alguém, no caso ao objeto, depois da ação verbal de “transformar”.

Assim, é predicativo do objeto, porque indica um novo estado do objeto.

A oração equivaleria a “Eu fiz com que eu mesmo fosse um explorador feroz.”

Poderia, ainda, haver uma dúvida na consideração de o predicativo ser do objeto e não do sujeito, uma vez que sujeito e objeto são a mesma pessoa, no entanto, se desfizéssemos tal situação, ficaria claro que a referência, nessa estrutura sintática, é ao objeto e não ao sujeito:

“Eu o transformei num explorador feroz”.

O, agora, “explorador feroz” é “ele” e não “eu”.