Professor Ozanir, está certa esta concordância do verbo: “Não se tratavam de pressões esporádicas. Eram interferências reais e constantes.”
Novamente, saber análise sintática é fundamental para perceber que há erro na flexão do verbo. É um caso que passa perto do anterior, mas cuja situação, na prática, termina sendo bem diferente, principalmente no que se refere à concordância do verbo.
“Tratar” é um verbo que não pede objeto direto, mas, sim, indireto. O “se”, que o precede, é antecipado devido à presença do “não”. Mas isso não importa. Vindo antes ou depois, ele não consegue formar voz passiva porque não há OD.
Então, o que ocorre?
A presença do “se” apenas serve para indeterminar o sujeito agente. Por isso, ele é conhecido com indeterminador do sujeito.
É fácil guardar: havendo OD, esse termo passa a ser sujeito paciente; está formada a voz passiva, e o “se” é apassivador.
Não havendo OD, não existe o que possa virar o sujeito paciente; assim, esse termo fica indeterminado, e, dessa forma, o “se” é indeterminador.
E a concordância? No caso do “se” apassivador, o verbo deve concordar como o novo sujeito, o termo que era OD.
No caso do “se” indeterminador, não há com que concordar; então, ele fica na terceira pessoa do singular: “Não se tratava de pressões esporádicas. Eram interferências reais e constantes.”