Pequenas dúvidas de alunos dos cursos on-line.

Série B – Pontuação (publicada em 28/3/22)

1)      “O médico perguntou se eu estava bem, tirando a espátula da minha mão, começando a remover a tinta preta que tinha ficado no meu rosto.” Professor, essa pontuação é a mais adequada?

 Não. Veja que há dois verbos no gerúndio; assim, seria melhor ligá-los por um “e”. Ficaria melhor: “O médico perguntou se eu estava bem, tirando a espátula da minha mão e começando a remover a tinta preta que tinha ficado no meu rosto.”

 2)      Mestre, está correto o uso das duas vírgulas? “Foram muitos relacionamentos falidos, por isso, ela esperava ter encontrado a pessoa certa.”

 Não é a melhor forma. Repare que a expressão “por isso” ficou entre vírgulas. Sempre que se usar a vírgula posterior, a intenção é destacar a ideia conclusiva. Nesses casos, o melhor é trocar a vírgula anterior por ponto e vírgula: “Foram muitos relacionamentos falidos; por isso, ela esperava ter encontrado a pessoa certa.”  

 3)      “Como você recebeu essa mensagem meu amigo? Faz tempo que não vejo você.” Professor, é verdade que tem de haver uma vírgula antes de “meu amigo”? 

 É sim. Reparou que quem escreve está se dirigindo a alguém a quem chama de “meu amigo”? Pois, então, a esse termo chamamos vocativo, que sempre tem de ser separado por vírgula(s): “Como você recebeu essa mensagem, meu amigo?” Mesmo que venha em outras colocações: “Como você, meu amigo, recebeu essa mensagem?” Ou ainda, em: “Meu amigo, como você recebeu essa mensagem?”

 4)      “Assim que entrou no amplo escritório o homem reconheceu a senhora que falava ao telefone.” Professor, tem de existir uma vírgula depois de “escritório”?

 Tem sim. A noção circunstancial de tempo – “Assim que entrou no amplo escritório” – foi colocada antes da ideia principal. Toda vez que isso ocorrer, a oração antecipada deve ser encerrada com a vírgula. É bom saber que, se a oração viesse no final, a vírgula seria facultativa: “O homem reconheceu a senhora que falava ao telefone(,) assim que entrou no amplo escritório.” Porém, se fosse colocada interrompendo a ideia principal, ficara obrigatoriamente entre vírgulas: “O homem, assim que entrou no amplo escritório, reconheceu a senhora que falava ao telefone.”

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Pequenas dúvidas de alunos dos cursos on-line

Série A – Estruturas oracionais

1)      Professor, na oração seguinte – “Há pessoas estranhas no Planalto” –, qual é o predicado?  

O predicado é a frase toda, uma vez que, com o verbo “haver” no sentido de “existir”, não existe sujeito. O verbo é transitivo direto e vem acompanhado do seu objeto direto (“pessoas estranhas”) e de um adjunto adverbial de lugar

 2)      Mestre, em “Eles faziam um churrasco maravilhoso, essa palavra sublinhada é um predicativo ou um adjunto adnominal?

“Maravilhoso” é uma qualidade inerente, e não atribuída, ao “churrasco”. Se passássemos para a voz passiva, permaneceria junto do substantivo: “Um churrasco maravilhoso era feito por eles.”

3)      Oi, profe, tudo bem? Nesta oração, as palavras sublinhadas são verbos ou adjetivos? A função é a mesma? “Nós julgamos o problema apresentado resolvido.”

Os dois se originam dos verbos “apresentar” e “resolver”, mas, como “apresentado” e “resolvido” estão depois do substantivo a que se referem, são adjetivos, sendo o primeiro adjunto adnominal, já que se trata de uma qualidade inerente e faz parte do objeto direto (“o problema apresentado”); enquanto o outro é predicativo do objeto, uma qualidade atribuída.

4)      Mestre Roberti, está certo o uso deste “e”? “

“— Chocolate! — falou entusiasmada e erguendo as mãozinhas freneticamente para o alto." Se estiver errado, como deveria ser?

Não está certo, porque ele coordena verbos de formas diferentes! Faltou paralelismo na coordenação.

Poderia ser assim, mantendo o “e”:

"— Chocolate! — falou entusiasmada e ergueu as mãozinhas freneticamente para o alto."

Ou então dessa forma, com vírgula no lugar do “e”:

 "Chocolate! — falou entusiasmada, erguendo as mãozinhas freneticamente para o alto."


Minidúvidas e suas explicações - MINIDÚVIDAS 3 - Devo escrever isso?

MINIDÚVIDAS 3 - Devo escrever isso?

1)      Professor, devo escrever “Ela se vestiu rapidamente” ou “Ela vestiu-se rapidamente”?

2)      Mestre, dá para escrever “Fazem muitos anos desse fato”?

3)      Posso escrever “Custamos a acreditar nisso”?

Resposta e explicações:

1)      Professor, devo escrever “Ela se vestiu rapidamente” ou “Ela vestiu-se rapidamente”?

Na escrita, tanto faz. Desde que não esteja no início de frase, o pronome átono pode aparecer antes do verbo. Chama-se próclise e é a colocação preferencial no português do Brasil: “Ela se vestiu rapidamente.”

Em Portugal, porém, a preferência é pela ênclise, ou seja, o pronome átono vem depois do verbo: “Ela vestiu-se rapidamente.”

É bom lembrar que, na língua falada, mesmo no início de frases, a próclise é a colocação usual no Brasil: “Me faz um favor.”

2)      Mestre, dá para escrever “Fazem muitos anos desse fato”?

 Não! Como o verbo “fazer” está indicando um fato passado, ele não tem sujeito, logo é impessoal; assim, tem de estar sempre na terceira pessoa do singular: “Faz muitos anos desse fato.”

É exatamente igual ao uso do verbo “haver” nesse caso: “Há muitos anos desse fato.”

  3) Posso escrever “Custamos a acreditar nisso”?

                É um caso complicado! A regra determina que o verbo “custar”, quando está seguido de infinitivo, não forma locução verbal; portanto, é um verbo unipessoal e deve permanecer na terceira pessoa do singular, tendo como seu sujeito a oração seguinte; assim, o certo é escrever “Custa-nos acreditar nisso.”

A confusão ocorre pelo fato de o pronome de primeira pessoa do plural ser o objeto indireto de “custar”, sendo regido pela preposição “a”, além de anunciar um implícito “nós”, que vem a ser o sujeito do infinitivo.

O falante, diante dessa construção um pouco mais elaborada em termos sintáticos, entende que o “nós” é o sujeito do verbo “custar”, daí usar o verbo como auxiliar de uma locução verbal e conjugá-lo na primeira pessoa, além de usar a preposição “a” antes do infinitivo.

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Minidúvidas e suas explicações - Minidúvidas 2 - É certo isso?

MINIDÚVIDAS 2 – É certo isso?

1)      Querido mestre, o certo é “benção”, sem acento, como informa o corretor ortográfico?

2)      Meu “teacher”, é certo dizer que o “se” reflexivo é também recíproco?

3)      Professor, o certo é dizer que “está de férias”?

Respostas:

1)      Querido mestre, o certo é “benção”, sem acento, como informa o corretor ortográfico?

Por incrível que pareça, a forma “benção”, sem acento, com a vogal tônica na última sílaba, existe, mas não é a que nós falamos. É uma palavra antiga, um estágio da evolução do latim “benedictionem” para o português atual. Está nos dicionários. Esse é o motivo de o corretor identificá-la como correta.

A que nós falamos é “bênção”, paroxítona terminada em ditongo, por isso com acento circunflexo no “e”.

O mais curioso é que os plurais são diferentes: o de “bênção” é “bênçãos” (paroxítonas), enquanto o de “benção” é “benções” (oxítonas).

 2)      Meu “teacher”, é certo dizer que o “se” reflexivo é também recíproco?

É sim, pois a noção recíproca tem a forma sintática exatamente igual à reflexiva. Veja só:

a)       Muito narcisistas, os dois jovens se amavam. – É um “se” que, pelo sentido, traz uma noção reflexiva.

b)      Os dois jovens se amavam. – Agora, trata-se de um “se” que, pelo sentido, revela uma noção recíproca.

Essas duas noções são, na verdade, puramente, semânticas. Sintaticamente, os dois “se” significam “a si mesmos” e funcionam como o objeto direto do verbo “amar”.  

 3)      Professor, o certo é dizer que “está de férias”?

      É facultativo. As duas formas são corretas. Pode-se dizer “Amanhã, estarei de férias.” Ou “Amanhã, estarei em férias.” Há outros casos desse tipo: “Nos próximos dias, estarei de pé.” Ou “Nos próximos dias, estarei em pé.” Também nesta: “Tenho de estar atento.” Ou “Tenho que estar atento.”  

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Nova série: Minidúvidas e suas explicações

MINIDÚVIDAS 1 – Existe isso?

1)      Professor, existe “trago”?

Claro que existe. Por exemplo: “Eu, às vezes, trago o brinquedo errado.”

O que não existe é o seu uso como particípio, como “Eu tinha ou havia trago o brinquedo errado.” Nesse caso, o correto é: “Eu tinha ou havia trazido o brinquedo errado.”  

 2)      Mestre, existe, “houveram”?

Existe, sim. Nos exemplos, “Todos se houveram bem na prova” ou em “Todos houveram que tal afirmação era verdadeira” ou ainda “Todos houveram falado a verdade.” Nesses casos, tempos simples (sentidos de “saíram-se” e “pensaram”) e composto (verbo auxiliar, igual a “tiveram”), “haver” concorda com o sujeito das orações.

O que não existe é esse uso quando ele é impessoal, isto é, quando tem o sentido de “existir, ocorrer, acontecer ou tempo decorrido”: Houveram problemas” – Tem de ser:Houve problemas” – e “Houveram alguns acidentes graves.” – O certo éHouve alguns acidentes graves.”

 3)      Caro professor, existe o “me” no início de frase?

`       Também, existe, claro! É uso normal na língua falada: Me apronto em cinco minutos” ou Me dá esse livro!”.

O que não se pode usar é o pronome no início de orações em textos escritos formais: Me contaram uma boa história” e Me trouxe um belo presente.” O certo seria, nesses discursos cultos, escrever: Contaram-me uma boa história” e Trouxe-me um belo presente.”

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