Fantasmas da Análise sintática 20) Verbos transitivos diretos com o “se” tornam-se intransitivos?

Mestre, no período “Emprestou-se o relógio ao João”, o verbo passa a ser intransitivo?

 Não. Ele continua sendo “transitivo direto e indireto”. Sem o “se”, teríamos um “objeto direto” (“o relógio”) e um “objeto indireto” (“ao João”).

No entanto, existe o “se”, que transforma o OD em “sujeito”. É o “se” apassivador, que forma a voz passiva pronominal ou sintética.

Equivaleria à voz passiva verbal ou analítica “O relógio foi emprestado ao João.”

É bom lembrar que esse tipo de construção só ocorre com verbos que pedem “objeto direto”: “transitivos diretos” e “transitivos diretos e indiretos”.

O termo “ao João”, nos dois exemplos, não muda: é o “objeto indireto”.

Assim, também, o verbo, continua sendo “transitivo direto e indireto”, apenas o seu OD não aparece, pois, com a voz passiva. se transformou em “sujeito”.


Fantasmas da Análise sintática 19) Ambiguidade? Qual?

“A investigação do delegado traz novo colorido à nomeação.” Professor, essa frase é ambígua mesmo, como reclama um leitor?

É ambígua sem dúvida. Chamamos a isso ambiguidade sintática, pois, na relação entre o termo preposicionado “do delegado” e o substantivo abstrato a que se refere,

quando se lê, não é possível ter certeza se o delegado é “o investigador” ou “o investigado”.

Em análise sintática, é uma dúvida entre adjunto adnominal – “o delegado é quem investiga” – e o complemento nominal – “agora, o delegado é investigado”.

Para as duas hipóteses, haveria maneiras diferentes de construir a frase.

No primeiro caso, o do adjunto adnominal, escreveríamos: “A investigação feita pelo delegado traz novo colorido à nomeação.”

No outro caso, o do complemento nominal, escreveríamos: “A investigação sofrida pelo delegado traz novo colorido à nomeação.”

Como a situação contextual em que aparece a matéria jornalística, é essa, veja outras formas de construir a frase:

“A investigação sobre o delegado traz novo colorido à nomeação.”

Ou, ainda, “A investigação ao delegado traz novo colorido à nomeação.”


Fantasmas da Análise sintática 18) Rápido ou rápida?

“Que essa quarentena passe rápido ou rápida?” – Mestre, qual das duas formas devo escrever?

Sem dúvida, numa análise primária, usaríamos “rápido”, ou seja, um advérbio, que, ao acompanhar um verbo intransitivo, revela um predicado verbal.

“Rápido”, na verdade, é uma forma de reduzir o advérbio “rapidamente”. Veja que a palavra permanece invariável, como é normal para os advérbios.

Há, no entanto, alguns professores que defendem a possibilidade de se considerar a palavra como adjetivo. Nesse caso, seria “rápida”, no feminino, para concordar com o núcleo do sujeito, “quarentena”, já que se trata de um predicativo. Teríamos, então, um predicado verbo-nominal.

A segunda, porém, não é a melhor construção.

Fico com a primeira: “Que essa quarentena passe rápido!”