A produção textual e o raciocínio linguístico 4

A sociedade brasileira, ela precisa se conhecer melhor; assim, os resultados da próxima eleição têm de ser analisados em todos os seus detalhes.”

Como é feio! Mas é bem comum na língua falada tal repetição do sujeito!

Viu como o “ela” não era necessário?

Dá-se a isso o nome de pleonasmo; no caso, um pleonasmo do sujeito totalmente desnecessário.

Tanto na escrita quanto na fala, em que é bem mais corrente, é um caso típico de insegurança e despreparo. Sempre, porém, muito desagradável; por isso, deve ser evitado.

O parágrafo ficaria mais elegante se fosse escrito ou falado assim:

            “A sociedade brasileira precisa se conhecer melhor; assim, os resultados da próxima eleição têm de ser analisados em todos os seus detalhes.”


Fantasmas da Análise sintática 28) O “em que” pode ser predicativo do objeto?

Estudando as orações subordinadas na gramática do professor Manoel Pinto Ribeiro, encontrei o seguinte período:

[(1) Pelo menos naquele tempo não sonhava ser o explorador feroz] [(2) em que me transformei]

A oração 2 está classificada como subordinada adjetiva restritiva. Até aí, entendi, mas não consegui compreender como o "em que" é, sintaticamente, predicativo do objeto direto. O sr. poderia me explicar?

Que tal aprender esse conteúdo tão complicado, que nunca “entrou”, devidamente, na sua cabeça?

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Veja que o “que” é um pronome relativo, que retoma “explorador feroz”. Sendo assim, podemos imaginar a oração subordinada adjetiva restritiva “em que me transformei” como equivalente a “Eu me transformei num explorador feroz”, se a estrutura fosse de uma oração absoluta.

Passemos, então, a analisar tal estrutura sintática:

Eu – sujeito;

Transformar – verbo transitivo direto;

Me - objeto direto (valor reflexivo);

Num explorador feroz – predicativo do objeto direto;

Não é outra pessoa, outro objeto, mas, sim, uma qualidade atribuída a alguém, no caso ao objeto, depois da ação verbal de “transformar”.

Assim, é predicativo do objeto, porque indica um novo estado do objeto.

A oração equivaleria a “Eu fiz com que eu mesmo fosse um explorador feroz.”

Poderia, ainda, haver uma dúvida na consideração de o predicativo ser do objeto e não do sujeito, uma vez que sujeito e objeto são a mesma pessoa, no entanto, se desfizéssemos tal situação, ficaria claro que a referência, nessa estrutura sintática, é ao objeto e não ao sujeito:

“Eu o transformei num explorador feroz”.

O, agora, “explorador feroz” é “ele” e não “eu”.


Fantasmas da Análise sintática 27) “Carinhosa” se refere ao sujeito ou ao objeto?

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Professor, “carinhosa” se refere à aluna ou à professora? Na oração:  "A professora recebeu a aluna carinhosa"; Como identificar se o predicativo se refere à PROFESSORA ou à ALUNA (mesmo havendo a pausa)?

Parece-me que, sem um contexto que identifique a quem se refere o adjetivo, é impossível saber com precisão.

Não havendo pausa entre “aluna” e “carinhosa”, não se discute: é adjunto adnominal!

Com a pausa, a frase fica ambígua e, assim, pode ser predicativo do sujeito ou do objeto.

Numa prova sem um contexto esclarecedor, seria uma questão mal formulada; então, o professor teria de aceitar as três respostas.

Haveria outras maneiras de escrever a frase para que fosse clara.

1)      “Carinhosa, a professora recebeu a aluna.” / “carinhosa” refere-se à professora – predicativo do sujeito

2)      “A professora, carinhosa, recebeu a aluna.” / “carinhosa” refere-se à professora – predicativo do sujeito

3)      “A professora recebeu a carinhosa aluna.” / “carinhosa” refere-se à aluna – adjunto adnominal

Numa quarta hipótese, ainda haveria dúvida:

4)      “A professora recebeu carinhosa a aluna.” / “carinhosa” pode referir-se à professora ou à aluna – predicativo do sujeito ou do objeto

Perdemos essa diferença, na língua, quando houve o desaparecimento dos casos latinos: nominativo, acusativo... Sendo predicativo do sujeito, referindo-se à professora, o adjetivo ficava no nominativo; no caso de se referir à aluna, o predicativo do objeto ficava no acusativo.

Não tem jeito. Só o contexto resolve.


Fantasmas da Análise sintática 26) Existe sujeito oculto?

Mestre, em inúmeras questões de concursos que tratam das classificações de sujeito, sempre há aquela opção sujeito oculto. É correto cobrar isso em concursos?

Você deve estar se referindo a frases como:

a)      Sabíamos toda a verdade.

b)      Irei amanhã ao seu encontro.

c)      Fala mais baixo, por favor!

Nelas, é possível reconhecer os sujeitos: “Nós”, “Eu” e “Tu”.

Como devemos classificá-los?

É correto cobrar isso em concursos ou mesmo em provas escolares?

Não é correta tal cobrança!

É pura exigência de nomenclaturas!

Na Nomenclatura Gramatical Brasileira, de 1960, já não se fala nisso, pois sujeitos com tal característica passaram a ser considerados como “sujeito simples” apenas.

Depois dessa época, muitos “professores desinformados” continuaram falando de “oculto” e outros “encantados com novidades da análise linguística” trouxeram novas nomenclaturas como “desinencial”, “elíptico”, “subentendido”, “implícito”, “omisso”...

Pode até vir a haver algum “engraçadinho” que resolva chamá-lo de “tímido”...

Isso só atrapalha os alunos e os candidatos, além de dificultar uma relação sadia dos estudantes com a língua portuguesa.


Vida de revisor é difícil 43

Vida de revisor é difícil 43

“Bem”, em relação ao hífen, é igual a “mal”?

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Mestre, li o último comentário, sobre o “mal”. E o “bem”? Também é problemático?

É hora de saber a resposta!

É pior! O “bem” é bem pior que o “mal”! Também tem uma série de regras a serem seguidas, que deixam muitas dúvidas, inclusive a troca do “m” por “n”. Veja só:

Começa com uma dificuldade de base. É o advérbio ou é o prefixo”. Veja só:

a)       O treinador comandou um esquema bem feito.” – “bem” é advérbio, modificando o adjetivo “feito”.

b)      “O rapaz foi bem educado pelos seus pais” – “bem” é advérbio, modificando o verbo na voz passiva.

c)       “Ele definitivamente não é bem-educado” – “bem”, agora, é prefixo, agregado ao adjetivo “educado”, alterando-lhe o sentido.

A única palavra em que o prefixo aparece antes de “h” é:

d)      “A jovem parecia bem-humorada” (com hífen, formando um adjetivo).

Antes de vogais, sempre deve ter o hífen:

e)      “Aquele livro é bem-acabado” (com hífen, formando adjetivo).

f)        “A população, depois da vacina, sentirá um enorme bem-estar” (com hífen, formando substantivo).

Agora, observe vários usos do “bem” antes de consoantes, sempre com hífen:

g)       “Nessa foto, você está bem-disposto” (formando adjetivo).

h)      “Aquela é uma criança bem-nascida e bem-posta” (formando adjetivos).

i)        “Vocês sempre serão bem-vindos a esta sala de aula virtual” (formando adjetivo).

Há vezes em que o “m” final muda para “n”, então, escreve-se junto, isto é, sem hífen:

j)        “Bendito seja o amigo que vem em nossa ajuda!” (adjetivo)

k)       “Esta é uma canção de bendizer!” (verbo)

l)        “Aquele foi um aparelho benfeito.” (adjetivo)

Cuidado, também, com os nomes de vegetais e animais! Têm o hífen.

m)    “É hora de olharmos o jardim com bem-me-quer.” (substantivo / flor)

n)      “O bem-te-vi é um pássaro alegre e inquieto!” (substantivo / flor)

o)      “Estávamos comendo uma bem-posta muito saborosa.” (substantivo / tipo de maçã)

E, finalmente, existem alguns verbos que admitem a dupla grafia:

p)      “Benfazer os pobres é seu maior desejo.”

q)      “A arte de bem-fazer o acompanha sempre.”

r)       “Benquerer o semelhante é importante!”

s)       “Valorize o sentimento de bem-querer!”

Tradução: é bem complicado! O melhor é consultar um bom dicionário ou o VOLP/ABL (no endereço eletrônico <ablbusca>.